"Dizer que o mal é a ausência absoluta do bem, e de que isso seja o nada absoluto, representa dizer que ele não existe, nem é praticado, nem produz os efeitos pelos quais o Senhor o criou. Seria apenas uma ilusão, o produto da mente, como algumas religiões garantem? Ou, de alguma forma, Deus foi impedido ou incapaz de manter o bem na esfera em que o mal atua? O que levaria à perigosa e maligna idéia de que Deus pode ter sido pego de surpresa, ou não ser o Todo-Poderoso como a Escritura assevera. Em muitos aspectos, vejo sérios problemas à manutenção da doutrina da soberania, onisciência, onipotência, perfeição e santidade divinas quando o mal parece ser colocado em uma categoria “extra”Deus. Por mais que os argumentos sejam bem construídos, agradáveis, e revestidos de certa nobreza metafísica, ainda assim, se não estiverem em harmonia com o texto bíblico, são reprováveis" [Jorge Fernandes Isah].


"Mas, voltando à questão do bem e do mal, parece-me que a idéia agostiniana  se resume à presença e ausência de Deus, da ação de Deus e da ação do "não-Deus" para que o bem e o mal existam, respectivamente. Contudo, ele mesmo afirma que não há universo possível para contê-lo [Deus], mostrando a sua infinitude. Então, como o mal surgiu a partir da não-presença do Deus infinito na criação finita?" [Jorge Fernandes Isah]


"Da mesma forma, dizer que o mal é a privação do bem, implica em que ele, assim como o bem, pode ser autocriado e existir fortuitamente. Acontece que se o bem é proveniente de Deus, o mal é proveniente do quê? Da ausência de Deus? Mas estaria Deus ausente de algum lugar? Poderia haver algum espaço onde Ele não esteja presente? Onde o Seu conhecimento não alcance? Haveria algo possível de existir contrário à mente divina? Uma espécie de "energia" ou "força" que subsista alheia a Ele? Pode haver algum recôndito na criação onde Deus deixou-o à própria sorte, abandonando a pessoalidade com que não somente criou mas sustenta todas as coisas, para a impessoalidade de negligenciá-la ou omitir-se [deísmo]? É possível haver algo que se sustente por vontade própria?" [Jorge Fernandes Isah]